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O machismo na cozinha profissional: MasterChef e grandes premiações

Lugar de mulher é na cozinha, mas não nas cozinhas profissionais.


Perante a nossa sociedade patriarcal, o machismo está presente também na gastronomia. A frase clichê de que “lugar de mulher é na cozinha” está ligada diretamente a imagem de doméstica que a mulher carrega devido a sua história no mundo. Quando a cozinha se tornou um local de trabalho, e a cozinhar uma carreira, deixou rapidamente de ser considerado um local feminino, onde é lugar de mulher e onde a mulher domina.

Desde os primórdios da existência da humanidade, no período paleolítico a tarefa do homem é caçar o alimento, para a mulher cozinhar. Porém muita coisa mudou após perceberem que todos precisam se alimentar e para isso o ato de cozinhar virou uma necessidade humana. A França é um grande centro gastronômico luxuoso, e foi no ano de 1748 que Antoine Careme, aos 17 anos, foi contratado para ser cozinheiro oficial do Palácio Champps-Elisée. Após Antoine, diversos outros homens tornaram-se cozinheiros que fizeram história dentro da gastronomia, entre eles: August Scouffier, Paul Bocuse, Gault Millan e Jean Michelli.

A gastronomia, não somente a francesa, se tornou algo popular entre os homens, e a partir daí foi difundido esse preconceito com a mulher nas cozinhas profissionais. O número de mulheres é consideravelmente menor como chef, geralmente elas ocupam o cargo de cozinheiras auxiliares. Mesmo que tenhamos crescido rodeados de estereótipos como, brincadeira de cozinhar é para menina, e brincadeiras de carro e futebol são para meninos, existe ainda essa ligação de que cozinhar para mulher está relacionado à atividade doméstica, e não uma profissão ou algo profissional.

Atualmente, os programas de competições culinárias estão fazendo muito sucesso, e o machismo está presente também nesses programas que são exibidos para diversos estados dentro e fora do nosso país. Recentemente, um caso no reality MasterChef Profissionais da Band, gerou uma enorme polêmica, e trouxe à tona o machismo nas cozinhas profissionais. Dayse, uma das integrantes femininas da competição, em determinado momento reclama que não estão a deixando fazer nada, e com isso um dos homens do seu grupo a manda varrer o chão, e complementa dizendo que é difícil trabalhar com mulheres. Não foi somente esse caso, houve diversos outros em que o conhecimento e o talento dela são desvalorizados. Ofensas deste tipo aconteceram também com outras participantes ao longo do programa, e mesmo com toda subestimação, Deyse foi à única mulher da edição a ir para a final e ganhou a competição.

Imagem: Carlos Reinis/Band


O machismo é predominante também, nas famosas, importantes e renomadas premiações e listas de restaurantes e chef's que ocorrem no mundo. Na lista dos 50 melhores restaurantes do mundo de 2017 da premiação anual 50 Best, apenas um restaurante é chefiado por uma mulher sozinha. No Latin Americas's 50 Bests Restaurants (os 50 melhores da América Latina) apenas cinco são chefiados por mulher, e dos oito restaurantes brasileiros inclusos na lista que conta com grandes chef's do nosso país como o Alex Atala do restaurante D.O.M, somente um tem como chef uma mulher.

O The World's 50 Best Restaurants, que julga os melhores restaurantes e chefs do mundo, criou em 2011 um prêmio específico para mulher o World's Best Female Chef (Melhor Chef Mulher), em uma tentativa de amenizar toda a polêmica do machismo que o prêmio recebe anualmente. O prêmio de 2017 foi para a Clare Smyth do Core by Clare Smyth que fica em Londres. Sandra Loman, Chef de cozinha e publicitária, conta que grandes chefs estão abrindo mão de receber as famosas estrelas Michelin, por conta da pressão que as estrelas trazem com elas. E que ao longo dos 118 de história do guia, apenas três mulheres ganharam a premiação máxima. "Eu acredito que a mídia influencia muito nessas premiações a favor dos chefs homens, ainda mais por conta da história da gastronomia, eles acreditam que chefs homens atraem mais clientes, e essa parte de marketing e publicidade acaba sendo mais fácil". Disse Sandra.

Imagem: Anne Emmanuelle Thion/The Worlds 50 Best


A chef de cozinha Patrícia Leal, Alagona, 37 anos, comenta sobre a sua experiência na cozinha profissional lidando com os preconceitos e machismo. E também cita valores que só a mulher tem e que fazem toda a diferença na gastronomia.





Fontes: Info Escola | The World 50 Best | Revista Glamour | The New York Times | M de Mulher

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